Cuidar da raiva

by Plum VillageJanuary 5, 2025

Thay compara frequentemente a nossa raiva a uma criança pequena, a chorar pela mãe. Quando a criança chora, a mãe pega-a suavemente nos braços e escuta e observa com atenção para descobrir o que está errado. A ação carinhosa de segurar a criança com ternura já acalma o sofrimento do bebé.

Da mesma forma, podemos pegar na nossa raiva com os nossos braços carinhosos e, logo de imediato, sentiremos um alívio. Não precisamos rejeitar a nossa raiva. Ela é uma parte de nós que precisa do nosso amor e escuta profunda, assim como um bebé.

Depois de o bebé se acalmar, a mãe pode perceber se ele tem febre ou precisa de uma troca de fralda. Quando nos sentimos calmos e tranquilos, nós também podemos olhar profundamente para a nossa raiva e ver claramente as condições que permitem que ela surja.

Quando nos sentimos zangados, é melhor evitar dizer ou fazer algo. Podemos querer retirar a nossa atenção da pessoa ou situação que está a regar a semente da raiva dentro de nós. Devemos aproveitar este momento para voltar a nós próprios. Podemos praticar a respiração consciente e a meditação a caminhar ao ar livre para acalmar e refrescar a nossa mente e o nosso corpo.

Enquanto respiramos, caminhamos e abraçamos a energia da raiva, estamos a praticar a "atenção plena da raiva". A atenção plena é sempre atenção plena de algo. Ao permanecermos com o nosso corpo, a nossa respiração e os nossos passos, sustentamos a nossa energia de atenção plena e não nos perderemos a recordar a história ou a situação que nos fez ficar zangados.

Depois de nos sentirmos mais calmos e relaxados, podemos começar a olhar profundamente para nós próprios e para a pessoa e situação que causaram a raiva em nós. Muitas vezes, quando temos uma dificuldade com uma pessoa em particular, essa pessoa pode ter uma característica que reflete uma fraqueza nossa que é difícil de aceitar. À medida que crescemos a amar e aceitar a nós próprios, isso naturalmente se espalhará para os outros ao nosso redor.

O único antídoto para a raiva, para a violência, é a compaixão. Não há outro caminho. E então a questão é: como geramos compaixão? Geramos compaixão ao compreender o sofrimento – o nosso próprio sofrimento e o sofrimento da outra pessoa, cujas ações ou palavras nos magoaram. Pode levar algum tempo para olhar profundamente para a situação.