Nobre Silêncio
Nos centros de prática de Plum Village, observamos um período de silêncio profundo que começa no final da meditação sentada da noite até após o pequeno-almoço na manhã seguinte.
Isto é muito curativo, pois permite que o silêncio e a calma penetrem na nossa carne e ossos. Permitimos que a energia da comunidade e a sua atenção plena penetrem no nosso corpo e mente. Voltamos às nossas tendas ou dormitórios lentamente, cientes de cada passo. Respiramos profundamente e desfrutamos da tranquilidade e da frescura. Abstemo-nos de falar com a pessoa que passa ao nosso lado; ela também precisa do nosso apoio. Podemos ficar sozinhos lá fora, com as árvores e as estrelas, por alguns minutos, depois ir para o interior para usar a casa de banho, mudar de roupa e ir para a cama imediatamente.
Deitados de costas, podemos praticar o Relaxamento Profundo até que o sono chegue. De manhã, movemo-nos de forma consciente e silenciosa, tomando o tempo para respirar, ir à casa de banho e depois seguir diretamente para o salão de meditação. Não precisamos esperar por ninguém. Quando vemos alguém ao longo do caminho, apenas juntamos as palmas das mãos e fazemos uma reverência, permitindo-lhe desfrutar da manhã da mesma forma que nós. Quando todos participam, a prática torna-se muito profunda e alegre.
O silêncio é algo que vem do nosso coração, e não de alguém de fora. Se estiveres verdadeiramente em silêncio, então, não importa em que situação te encontres, poderás desfrutar do silêncio. O silêncio não significa não falar e não fazer coisas. O silêncio significa que não estás perturbado por dentro, não há conversa interior. Porque há momentos em que pensas que estás em silêncio e tudo ao teu redor está em silêncio, mas a conversa continua o tempo todo dentro da tua cabeça, isso não é silêncio.
Não estamos à procura de silêncio na forma, estamos à procura de silêncio no conteúdo. Estás firmemente estabelecido no aqui e agora e tornaste ciente de tudo o que está a acontecer no momento presente. Usas a tua atenção plena para te tornares ciente de cada sentimento, de cada percepção em ti. Estás ciente do que está a acontecer ao teu redor e permaneces presente contigo mesmo e com o que está a acontecer dentro de ti.
O Buda deixou muito claro que estar sozinho, estar em silêncio, não significa que tens de ir para a floresta. Podes viver na comunidade, podes estar na cidade ou vila, e ainda assim desfrutar do silêncio e da solidão. E isso é algo que todos nós temos de aprender.